quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Olhos, os nossos olhos

Um par de olhos escuros e sem beleza alguma. Esses olhos nunca disseram nada à ninguém, nunca souberam se expressar. E hoje, esses mesmos olhos permanecem calados, mas com uma vontade imensa de gritar, aliviar o peso que os derruba.
E eles esperam ansiosamente algum outro par de olhos para se chocarem e até mesmo piscarem juntos, e verem as mesmas formas e cores, do mesmo jeito. Juntos.

Talvez esse par de olhos escuros e sem beleza, seja o menos atraente dos olhos à sua volta, mas eles ainda esperam com paciência e força e talvez eles já tenham até escolhido o outro par de olhos para se chocarem, mas os escolhidos não os escolheram.

Eles choram, abrem, fecham, quase se fecham, se desviam, focam ... sozinhos. E mais do que tudo; imploram por brilho, beleza e socorro.
Capazes de perceber e decorar até mesmo os menores movimentos.

Quase mortos, os olhos escuros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário